domingo, 22 de setembro de 2013

DNA, Karma e Justiça

 Um dos problemas mais difíceis que as pessoas enfrentam no plano físico,  material, em que vivemos é a compreensão do conceito de Direito. A amplitude dele esbarra em outros conceitos de alta complexidade ligados à convivência entre os seres humanos em sociedade. Para ilustrar, estamos vivendo exatamente agora um período turbulento no Brasil onde as instituições estão sendo questionadas nesse aspecto: corrupção política desenfreada, injustiças, sarcasmo das autoridades, inversão de valores, crimes, julgamentos controversos, enfim...
Quem recebeu em casa dos pais as noções básicas  de Direito se pergunta: “qual é o objetivo do Direito na sociedade?” Quem estudou um pouco de Direito e/ou tem bom-senso responde: “É fazer Justiça, é claro”. A cada desvio de conduta equivale uma pena e ela deve ser aplicada para que o Direito faça Justiça, não é? Mas não é isso o que se vê por aí. Porquê? 
 Essa contradição de que estamos falando ocorre no plano material, físico, mas já percebemos que ela não se resolve nesse plano.  O Direito deveria produzir a Justiça, mas o problema é que atrás de tudo está o homem. A História está repleta dessa falta de sintonia entre o Direito e a Justiça. Basta olhar agora para o mundo em torno para vermos como é verdadeira essa afirmação. A mídia só fala disso. Do crime e da falta de castigo, reafirmando consistentemente a constatação de que o crime compensa. Essa é a instância do direito e da Justiça no plano físico. E não adianta espernear. A questão não se resolve nesse plano, pelo menos não no nível de evolução em que nos humanos nos encontramos. A conta “não fecha”.
Se vivemos num cosmos em vez de caos, a única explicação para esse aparente contra-senso é que a ação e reação não se equalizam neste plano mas numa instância que normalmente não estamos vendo, e que não é essa do plano físico. Há uma outra instância fora do plano material, portanto não-física, mas metafísica, como diria Sócrates (ao organizar os assuntos de sua biblioteca) onde o saldo dá zero entre a ação no plano físico e a reação que “faz Justiça”. Incorporando-se o resultado desse contínuo aprendizado da experiência nos dois níveis, isso permite a evolução para cada um de nós, mas aos poucos num ciclo de muitas existências . Se não for assim tudo no plano físico parece injusto, tudo se permite, tudo se justifica, e só resta apertar a tecla do “dane-se”, para se usar uma expressão um pouco mais educada...
Os casos típicos extremos que nos deixam atônitos são os dos crimes contra a humanidade como foram os de Hitler, Stalin, a Santa Inquisição e modernamente outros como os contra o ambiente. Como a Humanidade abordou essa contradição na História conhecida? Ou seja, a contradição do fato de a ação estar num nível do tempo e a reação aparentemente estar em outro? A dívida e o pagamento não se encontram, pô!
Na  compreensão da tal instância metafísica temos uma contribuição interessante da tradição do Budismo, que nos dá uma certa tranqüilidade por não ser uma religião, acompanhada com seu tradicional enxoval de dogmas e condicionamentos.
O Budismo cujas verdades foram difundidas por um homem que obteve a Compreensão através da Lucidez, obtida pelo exercício persistente do Vazio da Mente no Agora, tem uma visão simples sobre o assunto, um conceito chamado Karma, ou seja: eu sou o resultado de uma sequência interminável de vidas como as contas de um colar, entrelaçada com as vidas da minha família, amigos, inimigos,  nação, raça, e toda a Humanidade. O Cristianismo oficial desconversa sobre o assunto, mas curiosamente fala em “pecado original”. Original de onde? Usando-se  o próprio raciocínio e linguagem cristãos, se há uma origem do “pecado” pelo qual estamos pagando nesta vida, há o pressuposto claro de que essa origem está em outro ciclo anterior da existência da vítima (no caso, nós). Em resumo isso é uma outra forma de o cristianismo aceitar disfarçadamente o conceito de reencarnação. 
Particularmente eu acredito no ciclo de vidas mas me incomoda o conceito da reencarnação, mas por outra razão: é porque o ser humano é malandro pela própria natureza  e deixa para depois a sua busca interior que deveria ocorrer no Agora, já que existe essa possibilidade de adiar essa tarefa dura e buscar a si mesmo mais tarde, em outra vida mais fácil que esta, e quando estiver mais disposto.
Aliás sobre isso convém saber que a Reencarnação, que era antes aceita em todas as tradições orientais passou a ser condenada pela Igreja Católica após o Concílio de Constantinopla – 553 D.C, pois até meados do século VI, todo o Cristianismo aceitava a Reencarnação que a cultura religiosa oriental já proclamava há milênios antes da era cristã, como fato incontestável, norteador dos princípios da Justiça Universal, que dá oportunidade ao homem para rever e pagar seus erros e recomeçar o trabalho de sua regeneração, em nova existência.
Aconteceu, porém, que o 2º Concílio de Constantinopla , atual Istambul, na Turquia, em decisão política, para atender exigências do Império Bizantino, resolveu abolir tal convicção,  substituindo-a pela ressurreição. É que Teodora, esposa do Imperador Justiniano, escravocrata e cruel, temia retornar ao mundo, como uma escrava negra e, por isso, pressionou o papa da época, Virgílio, eleito através de criminosa intervenção do general Belisário, para quem os desejos de Teodora eram lei... Aí tem coisa cumpadre.
As decisões do Concílio condenaram, inclusive, a reencarnação admitida pelo próprio Cristo, em várias passagens do Evangelho, sobretudo quando identificou em João Batista o Espírito do profeta Elias, falecido séculos antes, e que deveria voltar como precursor do Messias (Mateus 11:14 e Malaquias 4:5). Qualquer semelhança com a reencarnação dos Dalai Lamas não é mera coincidência. 
Muito aqui entre nós, foi também um concílio que decidiu escolher entre dezenas de evangelhos existentes, os 4 únicos que estão aí (Mateus, Marcos, Lucas e João) e descartou todos os outros, alguns dos quais estão voltando.
Mas voltando ao Budismo, cada ação no Samsara, este mundo de sofrimento, seja na vigília ou no sonho, gera um karma a menos que o “desinfeliz” tenha apreendido persistentemente a agir sem gerar karma. Posto isto, quando numa outra “encadernação” do ciclo de evolução (ou involução, se for o caso) a  conta chega, o réu se depara com a contradição de uma pena para si sem se lembrar do crime que cometeu. Dureza, cumpadre.
Quando nos deparamos com as situações de injustiça veiculadas na mídia ou ocorridas conosco precisamos de muita lucidez para acatarmos a realidade com o espírito aberto. Isso não significa desanimadamente “deixar tudo na mão do destino”. Devemos sim é usar a energia que se levanta com razão dentro da gente para construir um caminho mais compassivo para com o semelhante e a humanidade, mas sem nos identificarmos apegadamente com o resultado da ação, e sem culparmos os outros pelo fracasso. se observarmos bem, para muitos dos seres há casos em que o karma pessoal é não conseguir resultado nas ações e conviver portanto com a aceitação da impotência. A Astrologia kármica da obra de Martin Schulman mostra isso de uma maneira clara e pedagógica.
Buda dizia que “não existe a vítima e o réu. A vítima é o réu, e o réu é a vítima”. E também o juiz. É duro de engolir. 
Essa sequência de contas do colar da reencarnação não é reconhecida como um conjunto coerente de aprendizado pelo ser humano adormecido. Ele acha que caiu de paraquedas nessa vida, nessa dimensão e, deslumbrado, quer desfrutar. Tadinho.
Com o grande desenvolvimento atual da ciência, principalmente da medicina e dentro dela principalmente a medicina genética, que está decodificando o complexo  genoma humano e animal, alguém diria, para contestar: “Não existe essa coisa de reencarnação. O problema é que as pessoas são condicionadas pelo DNA”. Elas estão certas mas não sabem os detalhes,  o porquê estão certas: O DNA é o karma! O Karma por escrito.O Karma registrado em Akasha. E também nas nossas células do corpo, que portanto fazem parte intrínseca de Akasha.
O DNA é um aspecto pelo qual o Karma, que é só uma abstração na nossa mente, se concretiza física e quimicamente numa sequência detectável pelos instrumentos científicos e se apresenta como aquela linda forma helicoidal citada por Fibonacci, aliás presente em toda vida orgânica da terra, na Matemática, Física, Química, Biologia e nos símbolos esotéricos das tradições como o caduceu de Mercúrio, a serpente da Kundalini e outros. É um presente poder ver o Karma na sua forma física de DNA: tudo o que fizemos, juntamente com nossos pais e o eixo de nossos ancestrais está lá gravado e nos influenciando em cada existência, quer a gente se lembre ou não. 
A idéia do Juizo Final que temos está equivocada: não há um julgamento num certo dia ou numa certa situação, mas uma avaliação on line, em tempo real, feita por cada um de nós mesmos, contínuamente, conforme nossas ações e sonhos vão gerando karma. O julgamento é feito por nós mesmos, pois nós ajudamos a criar essa sinfonia toda, principalmente a partitura que individualmente nos compete dentro da sinfonia. Aquele que avalia e julga não é um Deus que está dentro de nós mesmos, mas sim É NÓS MESMOS, mas não conseguimos ter acesso a ele porque falta a ponte, aquela que temos que construir no Agora. 
Como acenamos na postagem  O Quinto Elemento - Akasha, que interessante seria comparar o nosso Karma com os registros akáshicos do que fizemos em nossas vidas passadas e ter um vislumbre de Causa e Efeito. Isso daria a compreensão de um Direito que transcende a fronteira do plano físico e nos remete para uma Justiça mais abrangente, cósmica, algo como uma Justiça  Atemporal e Universal, aliás feita por cada um de nós mesmos para julgar a si mesmo. 
Se for assim, vamos parar de reclamar, aceitar o peso da mochila e fazer o novo caminho no Agora. Agora.

Um comentário:

  1. Acredito muito em tudo o que vc escreveu neste post.De fato, é duro perceber que a causa de nossos infortúnios foi por nós mesmos geradas. Contudo, acho que a aceitação disto encontra mais resistência por causa de uma certa leviandade de algumas pessoas ao abordar assunto tão sério.

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