sábado, 22 de dezembro de 2012

O Problema Econômico


O ser humano está - como réu, vítima e juiz - no centro de uma crise econômica de alcance global, simples de entender. A maior potência do planeta está, como vários outros países, com a faca no pescoço porque entre outras coisas gastou  mais do que ganhou, emitiu moeda sem lastro já que o mundo compra seus ativos, não controlou os bancos, consumiu desenfreadamente,  e valorizou seus ativos ávida e artificialmente acima do valor real. Já a segunda potência, uma auto-proclamada comunidade, além desses pecados todos, pensou que comunidade econômica é um ajuntamento de países sem objetivos comuns, e sem atividades convergentes e, principalmente, sem controles econômicos, financeiros e bancários recíprocos, rígidos e complementares. Basta ter uma moeda única e tudo bem... E todos estão ameaçados por uma potência rival milenarmente focada no poder a qualquer custo, seja custo ecológico, social ou humano,  com um governo ditatorial disfarçado, ferreamente disciplinada, austera, altamente produtora, poupadora e eficaz, dentro dos padrões aceitos pelos “vencedores”. Há mais de 2 mil anos um general romano dizia "devemos administrar o Império, mas sempre com um olho na China".
Mas isso tudo é apenas efeito. O ponto principal é que, no pano de fundo, o que há é um organismo econômico capitalista egoísta e selvagem, apesar dos disfarces, dando sinais inequívocos de esgotamento e incapacidade de se renovar. Orientado por uma busca hedonista do consumo e prazer a qualquer custo, mesmo diante do impasse estrutural e histórico, não quer largar o osso.  Por mais que o conjunto dos ricos acumule riqueza, não consegue atender as demandas da humanidade no seu conjunto. Um belo quadro...  A pedra angular desse jogo é uma premissa curta e grossa do capitalismo: do ut des, que em bom latim significa lacônicamente eu dou se você der. É a peça chave do impasse, a ser mudada por algo de fato justo, e compassivo, se se quiser soluções. 
Se um alienígena descesse aqui e convivesse uns anos conosco no ocidente, diria: “Não é possível esse povo ser tão ignorante, egoísta e agressivo a ponto de por a perder tudo o que construíram a duras penas durante séculos, só por falta de altruismo e adaptação das premissas que já estão antiquadas”... Aliás os budistas vem falando isso há milênios no símbolo dos 3 animais que simbolizam a ignorância, o apego e o ódio, sabiamente aplicáveis ao mecanismo econômico capitalista.
Para agravar, é um constructo econômico que não consegue compatibilizar a geração de resíduos com a saúde física da humanidade, cuja população cresce sem que ninguém controle a natalidade como uma variável crítica central. Quase não se fala no assunto. Só se fala nos efeitos. Uma atitude de avestruz.
Curiosamente um homem muito pouco conhecido e estudado pelos economistas e mais pelos espiritualistas deu as dicas dessa crise no início do século passado em um livro escrito antes da segunda guerra mundial em 1937, chamado A Grande Síntese. Seu nome é Pietro de Alleori Ubaldi, mais conhecido como Pietro Ubaldi, nascido em Foligno, Itália em 1886, e falecido em São Vicente, SP, Brasil, em 1972 após viver anos aqui no Brasil. Os livros escritos por ele foram recebidos por inspiração de alguém que ele chamava “Sua Voz” e abarcavam desde uma cosmogonia abrangente desde o macro ao micro-entendimento da Física e do Espírito do Universo,  até temas singulares como economia, sociologia, psicologia, ciências, amor, compaixão, etc. Um iluminado.
A Grande síntese não é um livro fácil. Exige um pouco de atenção, disciplina e algum conhecimento.  Foi escrito num linguajar de quase cem anos atrás, mas qualquer político pode entender se quiser, mesmo um presidente da república qualquer.  Vamos lá:
O PROBLEMA ECONÔMICO
“Vossa ciência econômica acredita justificar-se, como se partisse de um princípio de justiça original, afirmando, com sua premissa hedonística, a presença de um tipo abstrato de “homo economicus”, como que se pudesse isolar, na realidade, um aspecto, como  se cada  fenômeno  não  estivesse  vinculado  a  todos  os  fenômenos,  na  lei  universal.  Vossas  ciências sociais  baseiam-se facilmente em  qualquer  mentira  piedosa.  Mas,  dizei  a  verdade:  dizei  que  quase  sempre  o  homem  é  realmente  — não  como hipótese econômica — um perfeito hedonista; no campo dos negócios, limita-se a aplicar sua natureza egoísta; que o “do ut des” não é  um  equilíbrio  de  direitos,  mas  um medir  as  forças  para  estrangular-se  mutuamente;  declarai  a  impotência  da  maioria  para compreender uma aproximação, ainda que mínima, do amor evangélico; dizei que o homem é uma fera envernizada de civilização e então tereis as  bases reais do fenômeno econômico. Reconhecei: a ciência que o estuda é a  codificação do egoísmo, isto é, do instinto mais desagregador do complexo social.
A  premissa  hedonística é  o princípio  anticolaboracionista por  excelência;  é  um  princípio  de  dissolução,  que  o  edifício econômico  carrega consigo,  como  insanável  vício  de  origem, reaparecendo sempre  nos momentos  de crise. Egoísmo  de capital, egoísmo  de  trabalho,  egoísmo  de  produtor,  egoísmo  de consumidor;  egoísmo  individual,  de classe,  de  nação  (sistema protecionista);  coalisão  de egoísmos,  organização de egoísmos,  sempre egoísmo!  As  mercadorias,  a  riqueza,  o  trabalho, precipitam-se atraídos (no regime de livre câmbio) ou subjugados por essa grande força, mesmo que seja ilógica e contraste com as supremas exigências das ascensões humanas. No entanto, esta é a meta inderrogável, ética elevada, à qual todas as funções sociais têm de subordinar-se para o objetivo único da evolução. Ao contrário, egoísmo é luta, atrito, dispersão, germe de destruição. É o ponto fraco do mecanismo, um fardo enorme que tem de ser arrastado, e o torna imperfeito, ameaça-lhe a jornada, qual cego que avança entre choques  e reações.  Para  quantas  dores  haveria fácil remédio, “se cada  um  amasse  o próprio semelhante como  a si mesmo!”
Se  o fenômeno econômico é a expressão da lei do menor  esforço, assume sempre a forma de coação. O equilíbrio entre oferta e procura é resultante de uma luta, o oferecimento de uma mercadoria é apenas a exigência de um preço; tudo move-se pela própria  necessidade,  não  pela consciência  das  necessidades  recíprocas;  um sistema carregado de atritos,  um  equilíbrio forçado entre  forças  antagônicas,  tensas  para eliminar-se, sobrecarrega-se  pelo  peso  do  egoísmo.  Não  era  possível  deixar  de chocar-se, mesmo  neste campo,  numa  manifestação  da  lei  universal,  e  não  encontrar  equilíbrios.  Mas,  diante  do princípio  do  ut  des,  da procura e  da  oferta,  o  egoísmo  caminha  triunfante,  seguindo  a  lei  do  menor  esforço,  para equilíbrios  móveis,  mas matematicamente exatos, que  podeis calcular, mas que conservam sempre a marca da premissa original: o egoísmo demolidor. O instinto hedonista, em sua inconsciência de todos os outros valores sociais, caminha calcando todos eles, contanto que se realize a si mesmo. Força primitiva, brutal que, se em vosso nível é impulso de criação, também constitui princípio de destruição, pelo qual sofreis infinitas crises e reveses.
Mas  a evolução, fenômeno  universal, tinha  que funcionar também  neste campo,  com a gradual eliminação do princípio hedonístico,  por  cerceamento,  por  limitações  e elevações  progressivas,  até saber  compreender  os  interesses  de  ordem  geral  no próprio  âmbito.  Encontramos  por  toda  a parte  o  mesmo  processo  ascencional,  pelo qual  a força  tende à  justiça,  o  egoísmo  ao altruísmo, a guerra à paz, o mal ao bem. Na evolução não se pode isolar um campo do outro. Todos os fenômenos sociais porém, devem ser  concebidos  e fundidos  numa ética superior. O  conceito hedonístico,  colocado  como  base  das  ciências  econômicas,  é filho do agnosticismo de outros tempos, já agora superados. Se, num primeiro momento, o perfeito equilíbrio da balança — do ut des — é o máximo de justiça que a psicologia das permutas pode conter, nos momentos superiores o progresso impõe a introdução do fator  moral  no fenômeno  econômico  em  proporção  cada  vez  mais  ampla. Como  na evolução  do  egoísmo,  o  próprio  cálculo utilitário vos  levará a isso,  pois  nele  se exprime a  lei  do  menor  esforço.  Sendo  a  luta cheia  de atritos  que  implicam  enorme dispersão de energia, é vantagem suprimi-los.
Em vosso atual mundo, raramente a riqueza segue a estrada do bem; não é meio para conquistas mais altas, mas fim para gozos  que  premiam  as  aptidões mais rapaces e antisociais. Atenção, porém, porque essa psicologia é supremamente demolidora, mesmo no campo do utilitarismo individual (inconsciência coletiva), o oposto do colaboracionismo (consciência coletiva). Quando um fenômeno nasce envenenado por impulsos negativos, estes, indestrutíveis como todas as forças,  acompanham-no e o corroem até sua destruição; quando uma ação  está infeccionada no momento decisivo do nascimento pelo germe da desonestidade, ele se arrastará corroído por dentro, como um enfermo, até que a desagregação interna o resolva com a morte. Eis porque o vosso mundo econômico  está cheio  de crises  inevitáveis, sem  remédio,  e  porque  elas surgem sobre esses  equilíbrios  instáveis  e fictícios.  A solução  não se encontra  na criação  de  um rebanho  de irresponsáveis,  de mendigos, sustentados  pelo Estado, mas  na criação de uma sociedade de responsáveis, que saiba manejar conscientemente a grande força econômica. Não pressuponho uma mutilação, mas  um  aumento de consciência,  de  poder,  de liberdade,  de confiança,  de responsabilidade. O  homem  não  deve anular-se, mas manejar as forças da vida para aprender; deve correr livremente o risco de errar para que, ao sofrer as consequências, emende-se; deve  bater a cabeça para aprender a não batê-la mais. À força de crises, de derrocadas, de desastres financeiros, aprenderá que o negócio mais estável, mais sábio, mais lucrativo é a honestidade; que a posição mais utilitária é a que leva em conta o interesse de todos, a que se funde e não se isola no organismo coletivo econômico. Estas são as leis da vida e não constituem utopias.
Na  direção  desta  renovação,  o  órgão  máximo  só  pode  ser  a  consciência coletiva:  o  Estado.  O  fenômeno  econômico compete à autoridade  central do Estado, como personificação integral da ética humana,  das inoculações cada vez mais enérgicas de  fator  moral,  constrições  e correções  que  purificam  a  atividade  econômica e a  riqueza,  e as  canalizam  para  objetivos  mais elevados.  Compete ao  Estado  intervir  e corrigir,  introduzindo um  mínimo  ético  cada  vez  mais  alto,  no  fenômeno  econômico, dirigindo de dentro e de fora, o árduo equilíbrio das permutas para um regime de colaboração, que não é apenas compensação, mas compressão  de egoísmos;  não  apenas  coordenação,  mas  fusão  num  organismo  econômico universal.  Uma ciência  econômica diferente da atual que suporta a Lei, mas consciente dela, não deve surgir de bases hedonísticas, mas colaboracionistas porque, numa sociedade  mais  adiantada,  a  fase ética e utilitária é cooperação;  esta é a  revolução  econômica  fundamental  que,  neste campo, exprime vossa atual maturação biológica. Infelizmente, os sistemas que  modernamente dominam no mundo levam a uma seleção às avessas, a do mais astuto e desonesto, enquanto o honesto é eliminado. A sociedade não exalta o homem que dá, porque esse fica pobre, mas  o homem que apanha e acumula, porque esse fica rico. No entanto, o primeiro dá aos outros o que é seu, o segundo  tira  dos  outros  para si.  Este só  poderá justificar-se realizando sua função de conservar  e fecundar  a riqueza com seu trabalho.
Em vosso mundo, os melhores estão escondidos, porque são sensíveis, modestos, endereçados a outras metas, não têm as qualidades  agressivas  que condicionam  o  êxito.  Ao  invés,  os  ambiciosos  e  ávidos sabem  pisotear  tudo  sem  escrúpulos  para consegui-lo. O  que  brilha em  vosso mundo raramente coincide com os valores intrínsecos; o triunfo econômico muito rápido só pode significar ausência de honestidade. Ainda vos moveis no nível da força econômica (princípio hedonístico) e não ainda no da justiça  econômica (colaboracionismo).  Qualquer  crise  no  regime  hedonístico  tem  de  descer  até  o  fundo;  só pode  parar  por saturação, só  pode reerguer-se  por  uma reação  natural  do próprio fenômeno,  depois  de haver sido esgotado o impulso, pois não possui as capacidades compensativas do regime colaboracionista.
Em  vosso  mundo  não  há  proporção  entre  trabalho  e  lucro;  o  furto  é autorizado  na especulação;  parasitismos são inevitáveis  como  consequência  direta  da  premissa  hedonística.  O  princípio  do  do  ut  des gera  luta  para  tirar  o máximo  e  dar  o mínimo. Isto não apenas é o precedente da luta, mas implica toda a psicologia do furto, macula todo o mundo econômico, fazendo nele brilhar o egoísmo em lugar da justiça. Se o ponto de partida é a motivação hedonística, a vontade estará toda voltada para a exclusiva  vantagem  individual,  à  qual  só  se  renuncia  quando  constrangido  pela  vontade alheia,  que está  voltada  para  outra vantagem  individual.  Vossa  oferta  é apenas  um  pedido  de  dinheiro,  oculto  totalmente  pela  mentira;  não visa  o  interesse  do consumidor, mas ao egoísmo do produtor. Por isso, vosso edifício econômico é torturado e desgastado por esse constante atrito de exploração, que arrasa segurança e confiança, que são as bases desse edifício. Por isso, o mundo econômico não é um organismo de justiça, mas um campo de competições sem piedade.
Não existe proporção entre valor e preço. Este, o mais das vezes, não corresponde ao custo da produção, mas à maior ou menor  capacidade  que apresenta  de  suportar  o peso  da exploração.  Verdade,  porém,  que  o poder  esfaimado  da  procura  gera imediatamente a superprodução  e equilibra-se com  a  oferta, mas  esse equilíbrio espontâneo é com frequência ultrapassado pelo desequilíbrio originário do egoísmo, sempre voltado para reassumir a vantagem logo que possa. Além disso, não há quem não veja que  o aumento de preço, pelo simples fato de que a procura é intensa e a oferta escassa, esteja distante da justiça, especialmente quando o consumidor se acha em condição de necessidade e a penúria seja causada pela açambarcação.
Os bens na Terra, não buscam o caminho da necessidade, a riqueza é atraída pela riqueza e foge da pobreza. Ao invés de constituir  uma ajuda,  é frequentemente  um mal na vida social. A psicologia hedonística carreia o dinheiro para onde não serve, afasta-o de  onde  poderia aliviar  uma  dor,  proteger  uma  vida.  Todos fogem  do fraco  e  do  vencido; logo  que se  manifesta  uma fraqueza, tudo ocorre para agravá-la, empurrando-a para a beira do precipício. Para vós, a necessidade do próprio semelhante é um não-valor econômico, enquanto é valor a confiança que vos inspira uma sólida riqueza. Por isso, ela dificilmente executa a função que  deveria ser para ela a primordial, ou seja, um meio de vida e de melhoria. Por vezes, transforma-se até em meio de opressão que absorve e destrói, em lugar de fecundar e soerguer a vida. Essa hipertrofia do egoísmo constitui o mal que onera vosso mundo econômico e o ameaça. É ilógica e prejudicial essa canalização da riqueza para a riqueza, ao invés de sê-lo para a pobreza; essa atração  levada a agigantar  desigualdades  que  são  a  base  dos  desequilíbrios sociais  e  morais,  essa  tendência à  concentração, enquanto a saúde está na descentralização.
Em vosso mundo não existe acordo entre capital e trabalho. Esses dois extremos do campo econômico deveriam estender-se as  mãos  como  irmãos.  Torna-se  inútil  a  determinação  de  leis  e sistemas,  pois  o  capital  está  poluído  em suas  origens  pela desonestidade, que o tornará infecundo; cada remédio e cada controle ficam na superfície, pois na alma não existe a consciência da função social dessa  destilação do produto do trabalho, que é o capital, e se torna um meio de opressão. Para superar os conflitos que  oneram  a  humanidade  neste campo,  é  mister  também  superar  a  inconsciência  egoísta,  elevando-a até à consciência colaboracionista. Os dois pólos, capital e trabalho — como todos os contrários — são complementares, feitos para completar-se, porque cada  um  deles, sozinho,  não se sustenta; são feitos  para  unir-se e fecundar-se  mutuamente,  numa corrente  de  permutas contínuas,  que  devem  ser,  também,  amplexos  de espíritos.  Somente  na compreensão das  duas  forças  podem  praticamente combinar-se os impulsos da balança econômica. O único fato substancial que justifica vossas lutas, é que elas constituem um meio para chegar à compreensão, já que, também neste campo, como em qualquer outro, a evolução é irrefreável."

Um comentário:

  1. FELIZ NATAL PRETO... MUITA LUZ NO SEU CAMINHO.

    RECENTEMENTE ENVIEI UM COMUNICADO SOBRE O NAGUAL CHINES...

    ORGANIZE UMA LISTA DOS INTERESSADOS EM PRATICAR ATÉ O FINAL DE FEVEREIRO.

    O NAGUAL É REAL MESMO... DEPOIS DE UMA VIDA INTEIRA DE LUTA E PROVAÇÕES O ESPÍRITO CONDUZIU-ME ATÉ ELE... E É A PARTIR DO MEU VAZIO, RECENTEMENTE CONQUISTADO, QUE LHE ENVIO ESSE CHAMADO.

    O PASSARO PARA A LIBERDADE PASSA APENAS UMA VEZ... APROVEITEM... ESSE METRO (RS) CÚBICO DE SORTE.

    UM FORTE ABRAÇO,
    LUIZ.

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