domingo, 28 de outubro de 2012

O Karma, O Agora, e A Astrologia

Não há dúvida de que um indivíduo experimenta o karma de outras vidas. Ele experimenta também, nesta existência, o karma de suas atitudes do passado e é um criador de Carma em todos os momentos. É então, que se torna muito importante apreender o significado do momento, pois é disso que nasce o conceito do "O Agora". 
Um indivíduo pode passar toda sua existência procurando por aquilo que foi numa encarnação anterior. Ele pode ser suficientemente afortunado para descobrir, ou pode enganar a si mesmo com determinados pensamentos e, então, subconscientemente, criar as circunstâncias que provem para si mesmo que esses pensamentos são verdadeiros. Em ambos os casos, ele não está entrando em contato com o verdadeiro significado da existência, a menos que perceba que sua habilidade para se fixar no aqui e no agora a todo momento é onde se desenvolve sua maior capacidade de atuação. E é através desse desenvolvimento de sua capacidade de atuação que sua evolução se revela. 
É extremamente fácil culpar o karma de vidas passadas por nossos fracassos ou colocar nossa própria incapacidade de lidar com situações do dia-a-dia em inadequações do mapa. Mas isso nunca foi, nem deve se permitir que venha a ser um produto derivado de um raciocínio astrológico ou um dos efeitos da Astrologia como ciência profética. Se isso acontecer, a Astrologia está destinada ao fracasso, pois seu dom para a humanidade é ajudar o homem a ajudar a si mesmo, e não lhe dar desculpas por não conseguir.
O karma existe. É muito real. Mas não está além da habilidade do homem para lidar com ele e superá-lo. É importante perceber que o passado e o futuro têm menos a ver com a habilidade do homem de atuar e com seu prazer da vida do que com o que ele faz com "O Agora". Naturalmente, o passado e o futuro têm uma forte influência sobre como um indivíduo entende o "Agora", mas - e aqui está o detalhe fascinante - eles não precisam ter! Não há dúvida de que é extremamente difícil ignorar o ontem e não refletir a respeito do amanhã. E, indo mais longe, ignorar o minuto passado e não se preocupar com o minuto seguinte. Entretanto, com dedicação e disciplina é possível fazê-lo. 
Quando uma pessoa faz isso, não significa que o passado e o futuro não existam. Eles existem. Isso é uma realidade. Mas ela não se demora naquilo que já fez ou não conseguiu fazer, nem se preocupa com o que tem a fazer. Ela simplesmente faz, age, torna-se! Ela não tem como analisar suas ações porque isso significa voltar novamente ao seu passado; não tem tempo para se sentir insegura, porque isso significa se preocupar com seu futuro. Pelo contrário, ela tem todo o tempo do mundo para viver sua realidade presente. 
Ela estará vivendo seu Carma, mas não gastará anos lamentando seu destino ou tentando viver o Carma de outros em vez do seu. Ela pode aceitar fracassos e sucessos, pois eles são coisas passageiras que mudam sempre. Curiosamente, quando começa a viver dessa maneira, muitas das coisas que pensava serem karma começam a desaparecer porque eram, na realidade, nada mais do que pensamentos que absorveu de outros e que pensava serem seus. Progressivamente, começa a perceber o que é seu Carma na realidade, porque não está procurando descobrir, nem está procurando juntar seu karma com outros a ponto de nunca conhecê-lo. 
Esse modo de viver torna um indivíduo inacreditavelmente produtivo e criativo. 
O alcance desse resultado está além da imaginação; pois, o que acontece, na realidade, é que todas as áreas inúteis e dispersantes onde ele normalmente colocaria suas energias não mais o exaurem ou desviam da realidade do seu momento presente! Ele fica mais ativo, mais concentrado e mais consciente, não apenas de sua própria beleza interior, como de toda a beleza do mundo ao seu redor. 
Sempre que uma ideia se torna muito difundida na consciência do mundo, seu significado original muda. De fato, quanto mais uma ideia ganha aceitação, mais distante pode ficar de seu sentido, contexto e fonte original. Esse foi o caso do karma que não é nem mesmo uma ideia, um conceito ou um pensamento, mas, sim, uma Lei Cósmica. Quanto mais pessoas no mundo aceitam o fato de que essa lei existe, há uma tendência maior para que a própria lei seja deturpada, uma vez que cada pessoa a interpreta através de seu próprio nível de compreensão. 
Caso se perguntasse a mil pessoas o que é karma, a tremenda série de respostas seria surpreendente. Mais surpreendente ainda seriam as complexidades associadas à verdadeira essência dessa Lei Universal. 
A fim de compreender claramente o que é karma, podemos traçar seu significado a partir de três fontes básicas e, então, sintetizá-las numa combinação mais significativa do que é, na realidade, a verdadeira essência da Lei do Karma. 
Primeiro, temos as palavras de Gautama Buda, quando disse há muitos milhares de anos: "Você é aquilo que pensa, tendo se tornado naquilo que pensava." O que ele quis dizer com essa profunda afirmação? 
O homem está sempre questionando o que é. Na verdade, de momento a momento, o que ele é, muda. E são essas numerosas mudanças que o fazem perguntar a si mesmo se realmente existe nele alguma coisa imutável. Se um homem "é o que ele pensa" e seus pensamentos mudam de momento a momento e dia-a-dia, então ele também muda! Se um homem pensa "Estou faminto", então é isso que ele é no momento em que pensou. Quando não mais pensa assim, ele não é mais um produto de tal pensamento. Se um homem pensa "Estou cansado", "Eu sou mau", "Eu sou pobre", então ele é todas essas coisas. 
Isso acontece porque há uma tendência muito forte para que ele acredite que o que pensa é a verdade. Assim, tendo acreditado nos seus pensamentos a respeito de si mesmo, um indivíduo então se identifica com suas crenças e se torna, na realidade, tudo o que pensa. Se o mesmo tipo de pensamento é perpetuado por muitos anos, ele se torna ainda mais aceitável para a pessoa. Assim, tipos de pensamentos que se prolongam por um determinado caminho levarão uma pessoa a acreditar não apenas que está nesse caminho, mas que é o único caminho que pode ver
Vamos usar novamente a analogia do apetite, pois existem muitos tipos de apetite que, literalmente, todos nós já experimentamos de uma ou de outra maneira. Consideremos dois indivíduos que estão prontos para comer um pedaço de bolo. O primeiro olha com fixação para o bolo e instantaneamente tem pensamentos conflitantes: "Eu quero o bolo, mas sei que ele me fará engordar." Quando come o bolo, seu corpo assimilará o alimento com o mesmo nervosismo que provocou seu pensamento. Assim, uma tendência inconsciente a não querer admitir para si mesmo que comeu o bolo, juntamente com decepções psicológicas por tê-lo comido, ambos provenientes do pensamento original de que o bolo é prejudicial, cria uma situação na qual o contato entre o bolo e o corpo torna aquele em governante e este em governado. 
Entretanto, o segundo indivíduo, tencionando comer o bolo, olha para ele como uma fonte de alegria. É o alimento de Deus oferecido ao homem para preencher suas necessidades por sustento, beleza e vitalidade. Cada migalha daquele bolo se harmonizará com cada célula em seu corpo nas mais belas proporções, porque o corpo e o bolo estão em harmonia. Esse segundo tipo de indivíduo nunca parece ter excesso de peso, independente daquilo que come. O primeiro indivíduo pode ganhar diversas gramas com um único sorvete. Aqui podemos ver um exemplo perfeito do que Buda quis dizer com as palavras: "Você é aquilo que pensa, tendo se tornado naquilo que pensava." 
Assim, o primeiro princípio da Lei Cármica é baseado no pensamento. Como seria simples mudar nossa vida apenas mudando nossos pensamentos: Mas a verdade é que nenhum pensamento é uma ilha em si mesmo. Um pensamento sempre leva a outro que leva a outro, que leva a outro que finalmente leva o indivíduo em direção a seus pensamentos. Assim, é inevitável que, enquanto os anos passam, ele realmente se torne "tudo o no que pensava".
É interessante notar que quanto mais o indivíduo atribui a si mesmo uma determinada linha de pensamento, mais introduz em sua vida a espécie de indivíduos cujos próprios pensamentos multiplicam sua ideia original. Assim, ele nunca está sozinho em seu modo de pensar. Pelo contrário, pela tendência a dividir seus pensamentos com os outros, existe sempre um crescente conjunto de idéias na consciência popular que sustenta a ideia do indivíduo sobre quem ele é. Ele vibrará com aqueles que pensam como ele e se afastará assustado daqueles cujas crenças são diferentes. Toda vez que seus pensamentos a respeito de quem ele é são ameaçados, retrocederá para seu passado procurando justamente aqueles indivíduos cujos pensamentos presentes reforçarão tudo o que ele costumava ser. Essa  é uma das maiores fraquezas do homem - sua tendência a evitar superar padrões habituais de pensamento. 
Mesmo quando o homem está no caminho do crescimento espiritual, ele duvida de si mesmo toda vez que vê, nos outros, pensamentos semelhantes aos que ele próprio costumava ter. Isso acontece porque, quando acreditou muito nesses pensamentos, sentiu ser sua obrigação, seu dever e seu caminho. satisfazer seu sentimento de ser necessário e transferi-los para outros. Testando a exatidão de suas próprias idéias, ele tentou convencer os outros de que seus pensamentos eram válidos. 
Agora vem a parte mais interessante. Uma vez que muito do Carma é baseada nos efeitos daquilo que se pensou no passado, então, a fim de superar padrões de pensamentos obsoletos, um indivíduo deve considerar os efeitos que provocou nas vidas de outras pessoas ao tentar incutir-lhes seus próprios pensamentos passados. Em pequena proporção ele se tornou parte delas, pois, enquanto examinam e separam seus próprios problemas individuais, elas se dirigirão a muitas fontes à procura de suas respostas. E uma dessas fontes serão as palavras que ele lhes falou no passado. Por isso é cósmica, matemática e fisicamente impossível para qualquer indivíduo elevar-se completamente acima do seu próprio karma, até que cada um dos indivíduos, cujas vidas ele esteve em contato, tenha ficado acima de seus karmas da mesma maneira que ele os tocou! 
Isso nos leva à segunda interpretação do karma, que vem da Lei da Física de Newton: "Para toda ação deve haver uma reação igual e oposta." O homem às vezes é um ator, um agente, um criador de sua vida, enquanto outras vezes ele é receptivo e suscetível aos efeitos de tudo que criou, Assim, às vezes ele é um ator, enquanto outras é um reator. Entretanto, ele é parte da Lei de Causa e Efeito. 
Uma das maneiras mais interessantes de compreender isso vem de uma interpretação incorreta muito comum a respeito do "talento". Aqueles que não são talentosos freqüentemente consideram os que são como se possuíssem uma espécie de dom místico, um tipo muito especial de aura, uma dádiva. Mas o artista talentoso, exibindo sua pintura, sua escultura, sua música ou sua poesia, sabe que talento não é nenhuma dessas coisas. Ele toca bem uma canção porque durante milhares de horas e talvez centenas de meses treinou a si mesmo para se tornar perito no seu instrumento. 
É nesse ponto que podemos argumentar que, embora sejam necessárias milhares de horas para desenvolver um talento, alguns indivíduos tendem a mostrar logo desde o início uma facilidade maior em determinadas áreas do que outros. Existem estudantes de música que em suas primeiras aulas mostram uma percepção mais elevada a respeito do que é música do que normalmente se espera. Existem estudantes de arte que em sua primeira pintura superam de longe as expectativas de um principiante. Existem estudantes de Astrologia que em seu primeiro curso fazem perguntas que mostram conhecimento avançado, freqüentemente superior ao de seus professores, enquanto outros terão que fazer o curso inicial novamente a fim de desenvolverem uma compreensão básica do assunto. Esses fatos, em vez de negarem a Lei de Causa e Efeito, mostram ainda mais fortemente o conceito de reencarnação. Em poucas semanas torna-se muito fácil para um bom astrólogo saber qual dos seus alunos estudou Astrologia numa vida anterior, bem como quais alunos a estão conhecendo pela primeira vez. Entretanto, mesmo esses estudantes, com bastante empenho e anos de estudo, podem adquirir um dia aquilo que parecerá aos outros um tremendo talento astrológico. O domínio que finalmente terão sobre o assunto não virá como alguma dádiva mística, mas, sim, como o efeito direto de todos os seus esforços. 
Essa Lei de Causa e Efeito está atuando em todo lugar, mas o que parece ser menos óbvio é que o princípio científico correto: "Para cada ação deve haver uma reação igual e oposta", constante- mente se aplica à vida humana. Em nossos relacionamentos do dia-a-dia é fácil ver as reações às nossas ações, mas é muito mais difícil compreender que a soma total de reações que experimentamos é exatamente igual à das ações que executamos. Em outras palavras, durante toda a vida ação e reação devem sempre se equilibrar. Isso pode parecer falso porque é totalmente possível para o indivíduo A dar muito mais amor para o indivíduo B do que B é capaz de devolver para A. Nesse caso a Lei de Causa e Efeito parece duvidosa para o indivíduo A, que parece estar dando mais amor. Além disso, a reação proporcional a cada ação parece ainda mais fora de questão. Mas como o universo age de acordo com leis cósmicas muito específicas, o indivíduo A, cedo ou tarde, recebe mais amor dos indivíduos C, D ou E do que ele mesmo é capaz de dar. Quando a soma total de débitos e créditos dos relacionamentos humanos é feita, o resultado de cada coluna é sempre um saldo de igualdade. 
Percebendo essa espécie de efeito de bumerangue, a sociedade do mundo todo gosta de ensinar às suas crianças a Regra de Ouro: "Faça aos outros o que você gostaria que os outros fizessem a você." De modo mais simples, essa é apenas outra versão do mesmo princípio científico de que para cada ação podemos esperar uma reação igual e oposta. Se um indivíduo tenta elevar sua consciência através da meditação, contemplação ou qualquer outra forma de estudo esotérico, ele automaticamente se confrontará com todas as forças do mundo que tentarão diminuir sua consciência. Assim, quando uma pessoa começa a vibrar na direção de energias mais positivas, ela automaticamente se torna mais sensível e deve enfrentar as energias negativas que representam uma reação igual e oposta às suas ações. 
No famoso trabalho de Lao Tsu, Tao Tse Ching, é feita a pergunta: "O que é um bom homem?" E a resposta é: "O professor de um mau homem", e continua: "O que é um mau homem?" "A responsabilidade de um bom homem." Se o homem tenta intencionalmente ser "bom", será sempre confrontado com homens que estão tentando ser "maus". Se o homem evita a bondade em si mesmo, ele está inconscientemente atraindo para sua vida todos aqueles que lhe ensinarão a "bondade". Essa Lei de Ação e Reação, Causa e Efeito é difícil de se observar devido ao fator tempo. Normalmente esperamos que a reação siga a ação num- espaço de tempo razoável para que uma ligação lógica, visível possa ser feita entre as duas. "Quando o tempo entre ação e reação se prolonga por dias, meses ou anos, muitos indivíduos tentam explicar a Lei de Causa e Efeito com a palavra "coincidência". Essa palavra é o obstáculo que o homem precisa superar se quiser compreender a verdade universal. De qualquer lugar que um indivíduo retire sua compreensão, sejam suas raízes orientadas matemática, científica, filosófica ou religiosamente, ou encontradas em alguma mistura de todas elas, o fato é que a "coincidência" é impossível. Quando uma pessoa olha sua vida de um ponto de vista muito pessoal, torna-se fácil presumir que a coincidência existe em todo lugar, pois todos os seus desejos insatisfeitos a perturbam e ela tem pouca perspectiva de compreender qualquer coisa que não se relacione diretamente com a satisfação de seus desejos. Mas quando o homem sai de si mesmo e vê o mundo como ele verdadeiramente é, começa a perceber que, de fato, existem muitos mundos - e cada indivíduo está vivendo dentro das Leis de Causa e Efeito, Ação e Reação, a partir da perspectiva do que ele pode observar através de seu espaço. Assim, as pessoas falam umas com as outras, mas raramente falam umas para as outras. Contudo, isso é ação e provoca reação. A falta de entendimento que resulta disso faz com que cada indivíduo procure outros, que expliquem as idéias que ele não foi capaz de transmitir ou receber deles, que também estão vacilando em mundos em desarmonia com o seu. 
O homem nunca entende completamente o alcance de seu poder, pois percebe mais freqüentemente o mundo que ele mesmo criou do que a totalidade de palavras que compõem o universo. Se, na América, um homem compra um par de sapatos importados, ele está indiretamente ajudando a alimentar uma família de um país estrangeiro, que talvez nunca conheça. Entretanto, ele ajudou a melhorar a economia do país estrangeiro e, ao mesmo tempo, permitiu que a família que foi diretamente beneficiada com isso fizesse negócios em outro lugar, talvez comprando comida produzida por pessoas que ela, por sua vez, nunca conhecerá. As pessoas que produziram a comida podem, por sua vez, adquirir suas máquinas da América. E a parte fascinante de todo o ciclo fica clara quando se percebe que, provavelmente, algumas partes dessas máquinas tenham sido fabricadas nos Estados Unidos por uma companhia que paga um salário ao americano do começo, o que comprou o par de sapatos! Assim, através de uma série de mundos diferentes, formados por pessoas que talvez nunca se conheçam, cada uma se choca com a vida da outra para que a lei universal de Ação e Reação, Causa e Efeito, a Lei Cósmica do Karma seja cumprida. 
A terceira interpretação do karma vem de Edgar Cayce, o grande "Profeta Adormecido" que, através de suas enormes qualidades visionárias, foi capaz de ajudar milhares de indivíduos a encontrarem uma maneira de viver mais saudável e harmoniosa. Quase toda a obra de Cayce foi baseada na Lei do Karma. Em vez de expressá-la como Buda: "Você é aquilo que pensa, tendo se tornando naquilo que pensava", ou como o matemático Newton: "Para toda ação, existe uma reação igual e oposta", Cayce usou duas palavras para descrever essa fascinante lei cósmica. Ele a chamou "Encontrar o Ser". O que ele quis dizer com isso? Como encontramos a nós mesmos? Estaria Cayce se referindo a um espelho através do qual cada indivíduo usa suas experiências de vida e as pessoas que fazem parte dela a fim de "ver a si mesmo"? O que Cayce descobriu é que a melhor maneira de conhecer o homem é olhar a maneira como ele olha para si mesmo. O espelho não mente, mas mostra o que está lá verdadeiramente. Embora não seja a realidade do homem, é um reflexo suficientemente poderoso de sua realidade para que ele acredite que é tudo o que existe. As pessoas gostam de saber o que os outros pensam a seu respeito. Elas procuram aprovação e evitam a desaprovação das fontes externas. Assim, as condições externas na vida de um indivíduo são simplesmente o reflexo de tudo que brota do seu interior. O homem constantemente procura ver a si mesmo através dos olhos dos outros. Curiosamente, quanto mais o faz, menos ele é verdadeiramente ele mesmo. Mas, através de hábitos de gerações, essa parece ser a maneira mais natural para o homem aprender; ou, mais claramente, para o homem ter a ilusão de que está aprendendo. 
Nas conversas mais normais, mundanas, do dia-a-dia que as pessoas têm umas com as outras, é muito fácil ver que os indivíduos estão quase sempre falando consigo mesmos enquanto dão a impressão de falarem com os outros. Existe sempre a conversa exterior acompanhada da conversa interior que o indivíduo está tendo com ele próprio ao mesmo tempo, perguntando constantemente o que o outro indivíduo está dando ou tirando dele, o que ele mesmo está dando ou tirando, e quanta aprovação está recebendo por seus esforços. Se um indivíduo vive sua vida dessa maneira, é muito difícil conhecer seu karma? Se os amigos que escolhe são verdadeiros, então ele está sinceramente preocupado em encontrar a si mesmo. Se, por outro lado, ele tem amigos por conveniência, que são mais diplomáticos do que verdadeiros, então ele não está encontrando a si mesmo. Isso se baseia no fato de que os indivíduos tendem a procurar fora um apoio para a integridade de suas crenças e de seu comportamento. Em vez de olhar, em particular, em seu próprio espelho, ele tende a procurar os espelhos que refletirão as facetas de si mesmo, que está pronto para ver. Assim, quando uma mulher casada se associa a muitas amigas que são, em grande parte, ou divorciadas ou solteiras, mais do que com as casadas, torna-se muito fácil ver em que direção ela está se inclinando. Se a maioria dos amigos de um homem são indivíduos bem-sucedidos nos negócios, em vez daqueles que evitam responsabilidades, então torna-se fácil ver o grau de sucesso para o qual está sé dirigindo. Se uma criança tem muitos amigos com metas definidas, isso também diz muito a respeito da criança. Assim, no processo de encontrar a si mesmo, de acordo com a definição de Carma dada por Edgar Cayce, há uma grande tendência de que a antiga história sobre esposas, de que: "Pássaros da mesma espécie se reúnem", tenha um forte elemento de verdade. 
A definição de encontrar a si mesmo, entretanto, não acaba aqui. Ela se baseia no fato de que dentro de cada indivíduo existem também ações e reações. Somente quando as duas se equilibram é que a pessoa é capaz de se reunir ao centro do seu ser. Só então ela verdadeiramente encontra a si mesma. 
De acordo com Ouspensky, existem diferentes "eus" dentro de um indivíduo, cada um tentando ter um domínio momentâneo sobre os outros. Ele os compara a uma roda-gigante, onde, num dado momento, um "eu" está no alto e no controle, e, no momento seguinte, outro "eu" está no alto tentando ter igual controle. O exemplo perfeito está na compra de um automóvel, quando o "eu" em controle no momento, impulsivamente, decide comprar o objeto desejado através de um plano de pagamento que todos os outros "eus" terão que pagar. Mas o verdadeiro "eu" não é nenhum desses. Pelo contrário, é o centro da roda, a parte de um indivíduo que é capaz de ver e finalmente compreender todas as outras personalidades divergentes que puxam em direções diferentes em épocas diferentes. Assim, de acordo com Cayce, para encontrarmos a nós mesmos precisamos aprender como ficar no centro de nossa roda para que, em vez de olharmos para a vida através de uma serie de espelhos experimentais, sejamos capazes de emitir a pura essência que vem da melhor unidade que podemos alcançar com nosso ser singular, divino e onisciente. 
Vemos, então, três diferentes facetas do triângulo kármico. Primeiro, nas palavras de Buda: -"Você é aquilo que pensa, tendo se tornado naquilo que pensava." Segundo, das leis matemáticas de Isaac Newton: "Para toda ação( em sua vida) existirá (uma época em que você experimentará) uma reação igual e oposta." E terceiro, dos estudos de Edgar Cayce, o processo através do qual encontramos a nós mesmos. Em todos os três casos, o karma se apresenta como as sutis influências do conflito do Yin e Yang. O pensamento é o que impulsiona a ação. A ação provoca reação. Através do processo de ação e reação o homem finalmente é capaz de desenvolver um terceiro "eu superior", que é capaz de ver as constantes batalhas entre seus comportamentos Yin e Yang de um ponto de observação muito mais claro. E, desse ponto de observação, o centro da roda-gigante de Ouspensky, a verdadeira essência do ser, através do qual o homem pode ver a verdade a respeito de si mesmo. Somente este tipo de percepção permite que vagarosamente nos desobriguemos das leis da interação Cármica. 
A analogia da pirâmide ou do triângulo é uma das mais antigas e místicas conhecidas pelo homem. O triângulo possui dois pontos na base e um no topo. O homem tem duas pernas mas apenas uma mente que, se ele quiser unificar, deve orientar a coordenação de ambas. Em todos os ensinamentos da Ioga sempre há uma referência a respeito de como o homem em seu ser inferior, dividido pelo Yin e Yang, ou pelas influências positivas e negativas que vê no mundo ao seu redor, luta consigo mesmo. Primeiro ele é um, depois ele é o outro. Mas somente aprendendo e treinando é que ele desenvolve a terceira parte de si mesmo, o topo do triângulo que olha para as duas outras identidades que ele criou, através de um ponto de vista cósmico. A Ioga chama este ponto mais alto do triângulo de o Eu Impessoal. Apenas através do desenvolvimento desse Eu Impessoal, em sua unidade de mente, é que o homem é capaz de finalmente  conhecer a si mesmo. E, desse conhecimento, finalmente, vem uma plenitude que é o resultado de realmente ter "encontrado a si mesmo" e, ainda mais importante, aceitado a si mesmo! Esse ponto no alto do triângulo não pode existir sozinho. É o transbordamento de anos de luta entre os dois pontos opostos na base do triângulo. 
Durante séculos a Astrologia se concentrou na qualidade Yin e Yang na natureza do homem, os efeitos positivos e negativos de energias planetárias e a relação entre os dois. É fácil ver o mundo como uma profusão de forças positivas e negativas porque existem diferenças entre noite e dia, amor e ódio, conceitos de certo e errado, idéias de bem e mal, e uma profusão de outras dualidades que vêm se mostrando constantemente. Mas existe também uma visão mais ampla e multifacetada das coisas, que não vê a dualidade como uma abundância de forças opostas. Essa visão não se baseia em termos de positivo e negativo, bem e mal, certo e errado, aqui e lá, ontem e amanhã, e todas as outras divisões nas quais nossa percepção das coisas pode se desviar da verdade. Pelo contrário, existe uma percepção que, embora veja as dualidades positivas e negativas, também vê tanto valor no negativo quanto no positivo. Ela não valoriza o futuro mais ou menos do que o passado; não vê o dia acima da noite, nem a noite acima do dia. O mais polêmico e surpreendente a respeito desse ponto de vista da percepção é que ele não, favorece o bem acima do mal, nem o mal acima do bem. Pelo contrário, a realidade é vista como os dois lados de uma mesma moeda, ambos necessários para que a moeda seja completa. 
Existe uma razão muito simples para que a maioria das pessoas nunca alcance esse ponto de vista. Desde que um indivíduo absorva sua mente com problemas de dualidade, ele vive uma consciência oprimida. O mundo não está lhe permitindo ser tudo o que ele sente que poderia ser. De momento a momento, enquanto continua trocando identificações do positivo para o negativo e outra vez voltando, ele procura culpar tudo o que se opõe ao que acredita ser o caminho para a satisfação de seus desejos. Ele culpará sua infância, sua religião, seu sexo, seus professores, seu trabalho, seus amigos e a sociedade em que vive por mantê-lo dentro de todas as restrições que ele acredita serem as causas dos conflitos que sente dentro de si mesmo. O que ele não percebe é que, ao ver as coisas dessa maneira, está fazendo tudo que pode para violar os três princípios básicos que formam a Lei do Karma. Ele está criando pensamentos desarmoniosos que o impedem de ser a espécie de criador que deseja ser. Ele reclama dos efeitos de seus pensamentos que o colocam fora de harmonia com o segundo princípio do Carma ou da Lei de Causa e Efeito. E, finalmente, por tentar constantemente ver a si mesmo através dos olhos dos outros, está fazendo tudo o que pode para realmente evitar encontrar a si mesmo na verdadeira luz de sua compreensão divina. Por que, então, o homem continuamente faz tudo que, no fim, o impede de ser uma só coisa consigo mesmo? A resposta não é de todo mística, mas, na verdade, é tão obviamente simples que, na procura da humanidade pela verdade, ela freqüentemente passa desapercebida. Se o homem não tivesse nada do que reclamar, se não tivesse problemas no mundo exterior para culpar por impedir seu progresso, se tivesse todas as suas necessidades financeiras e de sobrevivência satisfeitas, o que ele faria consigo mesmo? É muito mais fácil ser uma rolha boiando na água, esperando que a correnteza nos mova para lá e para cá e culpar essa correnteza por tudo o que nos impede de progredir, do que realmente assumir a responsabilidade de nos tornarmos tudo o que poderíamos ser. 
Quando Shakespeare disse: "Ser ou não ser, eis a questão", o mundo mal compreendeu o que ele quis dizer com isso. Essa falta de compreensão não acaba simplesmente porque se é um estudante de Astrologia, o que é a primeira porta para a compreensão. Dificilmente existe um estudante de Astrologia que uma vez ou outra não procure colocar a culpa pelas circunstâncias em sua vida em um ou outro aspecto que está se iniciando em seu horóscopo. Assim, a natureza do homem é sempre tentar conseguir algum bode expiatório fora de si mesmo para aquilo que ele não está querendo encarar como sua própria verdade. Esse olhar para fora do "eu", por razões, efeitos e causas, ocasiona o que Shakespeare teria chamado de um estado de "não ser". Mas, no momento em que um indivíduo decide que, quer "ser", então ele começa verdadeiramente "a encontrar a si mesmo" como a causa e o efeito, o líder e o discípulo, a fonte e o reflexo. Em essência, ele começa a se tornar seu próprio guardião. E, nesse ponto, ele pode começar a compreender o verdadeiro significado do karma, pois, na verdade, a única coisa comum a todos os eventos, circunstâncias e pessoas em sua vida é Ele mesmo! 

Texto extraído do livro "O Carma do Agora", do grande astrólogo cármico Martin Schulman

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