domingo, 17 de junho de 2012

O Alquimista - O Que Ele Faz?

O texto abaixo foi escrito há mais de 40 anos em um livro que foi pouco lido se considerarmos a sua vocação de abrir as mentes racionais para os segredos fascinantes do Invisível.
Hoje, pela pressão da descoberta de "um novo pensar" pelos cientistas mais afeitos ao chamado Realismo Fantástico, ele passa a ser curiosamente atual. A ciência está descobrindo o Invisível, e já fala hoje em "matéria escura", “dobras do tempo”, “dimensões paralelas”, com uma naturalidade impensável naquela época onde a vanguarda do conhecimento só tomava paulada, a exemplo da Inquisição, ou o que é pior, modernamente, recebendo sorrisos superiores de escárnio dos sabichões classistas e “guardas da ciência”. Felizmente cada vez mais o cientista está, independente disso, tornando-se um profissional eclético, multifacetado e pontífice entre o conhecimento da matéria e do interior do humano, e sem muito equipamento sofisticado, só mente aberta e contemplativa como fizeram Platão, Einstein e outros. Já estava na hora...
Como salientamos na postagem O Diálogo Interno a medicina taoista chinesa "acessou" o mapa energético da Acupuntura no corpo físico dos seres humanos, animais e plantas sem conhecer nenhum equipamento eletrônico, por menos sofisticado que fosse. Como isso foi possível? Uma dica: contemplação e silêncio do mental. Ou talvez, como dizem os adeptos dos Alienígenas do Passado, “deuses” de outros ciclos planetários. Quem sabe? Temos aí um assunto relevante de pesquisa. Quem se habilita?
Mas vamos lá aos alquimistas:

“O alquimista moderno é um homem que lê os tratados de física nuclear. Está convencido de que se podem obter transmutações e fenômenos ainda mais extraordinários por meio de manipulações e com um material relativamente simples. É nos alquimistas contemporâneos que se torna a encontrar o espírito do investigador isolado. A conservação de um tal espírito é preciosa para a nossa época. De fato, acabamos por acreditar que o progresso dos conhecimentos já não é possível sem equipes numerosas, sem uma enorme aparelhagem, sem um financiamento considerável. Ora “as descobertas fundamentais, como, por exemplo, a radioatividade ou a mecânica ondulatória, foram realizadas por homens isolados”. (Nota da redação: a Teoria da Relatividade de Einstein também, e sem equipamentos a não ser a sua massa cinzenta). A América, que é o país das grandes equipes e dos grandes processos, espalha atualmente agentes pelo Mundo inteiro em busca de espíritos originais. O diretor da investigação científica americana, o doutor James Killian, declarou em 1958 que era prejudicial confiar-se apenas no trabalho coletivo e que achava necessário que se fizesse apelo aos homens solitários, portadores de idéias originais. Rutheford efetuou os seus trabalhos mais importantes sobre a estrutura da matéria com latas de conserva e pedaços de barbante. Jean Perrin e Madame Curie, antes da guerra, enviavam os seus colaboradores ao Mercado das Pulgas aos domingos em busca de um pouco de material. Evidentemente, os laboratórios com aparelhagem poderosa são necessários, mas seria importante organizar uma cooperação entre esses laboratórios, essas equipes, e os originais solitários. No entanto, os alquimistas furtam-se ao convite. A sua lei é o segredo. A sua ambição é a ordem espiritual. "Está fora de dúvida, escreve René Alleau, que as manipulações alquímicas servem de suporte a uma ascese interior. Se a alquimia contém uma ciência, essa ciência é apenas um meio de atingir a consciência”. Importa, portanto, que não saia para o exterior, onde se transformaria num fim.

Qual é o material do alquimista? O mesmo do investigador de química mineral de altas temperaturas: fornos, crisóis, balanças, instrumentos de medição, aos quais se vieram juntar os aparelhos modernos acessíveis de controle das radiações nucleares: contador Geiger, cintilômetro, etc.
Esse material pode parecer irrisório. Um físico ortodoxo nãopoderia admitir que é possível fazer um cálculo emitindo nêutrons por processos simples e econômicos. Se as informações que temos são autênticas, os alquimistas conseguem-no. Na altura em que o elétron era considerado o quarto estado da matéria, inventaram-se dispositivos extremamente onerosos e complicados para produzir correntes eletrônicas. Após o que, em 1910, Eister e Gaitel demonstraram que bastava aquecer cal ao rubro no vácuo.
 Não sabemos tudo a respeito das leis da matéria. Se a alquimia é uma ciência em avanço sobre a nossa, usa processos mais simples do que os nossos.
Conhecemos vários alquimistas na França e dois nos Estados Unidos. Eles existem na Inglaterra, na Alemanha e Itália. E.J. Holmyard diz ter encontrado um em Marrocos. De Praga escreveram-nos três. A imprensa científica soviética, atualmente, parece ter grande interesse na alquimia e realiza investigações históricas.

“E agora vamos tentar, pela primeira vez, segundo cremos,descrever com precisão o que faz um alquimista no seu laboratório.”
Não pretendemos revelar a totalidade do método alquímico,mas julgamos ter, a respeito desse método, alguns conhecimentos de certo interesse. Não esquecemos que “a última finalidade da alquimia é a transmutação do próprio alquimista, e que as manipulações não passam de um lento caminhar em direção à "libertação do espírito". É sobre essas manipulações que tentamos apresentar novos esclarecimentos.
Em primeiro lugar, durante vários anos, o alquimista decifrou velhos textos onde "o leitor se deve embrenhar desprovido do fio de Ariadne mergulhado num labirinto no qual tudo foi preparado consciente e sistematicamente a fim de lançar o profano numa inextricável confusão mental". Paciência, humildade e fé elevaram-no a um certo nível de compreensão desses textos. Nesse nível vai poder iniciar realmente a experiência alquímica. Vamos descrever essa experiência, mas falta-nos um elemento. Sabemos o que se passa no laboratório do alquimista. Mas ignoramos o que se passa no próprio alquimista, na sua alma. Pode dar-se o caso de que tudo esteja ligado. Pode ser que a energia espiritual represente um papel nas manipulações físicas e químicas da alquimia. Pode ser que uma certa forma de adquirir,concentrar e orientar a energia espiritual seja indispensável ao êxito do "trabalho" alquímico. Não é certo, mas, em questão tão delicada, não podemos deixar de reservar um lugar para a frase de Dante: "Vejo que acreditas nestas coisas porque sou eu a dizer-te, mas não sabes o porquê, de forma que por serem acreditadas nem por isso estão menos escondidas".
O nosso alquimista começa por misturar muito bem, num almofariz de ágata, três constituintes. O primeiro, numa percentagem de 95 %, é um minério: uma pirita arseniosa, por exemplo, um minério de ferro que contém especialmente, como impurezas, arsênico e antimônio. O segundo é um metal: ferro, chumbo, prata ou mercúrio. O terceiro é um ácido de origem orgânica: ácido tartárico ou cítrico. Vai moê-los e triturá-los com as mãos, depois conserva a mistura durante cinco ou seis meses. Em seguida aquece tudo num crisol. Aumenta progressivamente a temperatura e faz com que a operação dure cerca de dez dias. Deverá tomar certas precauções. Há gases tóxicos que se evolam: o vapor de mercúrio e sobretudo o hidrogênio arsenioso, que matou mais de um alquimista, logo no início dos trabalhos.
Finalmente dissolve o conteúdo do crisol com um ácido. Foi procurando um dissolvente que os alquimistas de outrora descobriram o ácido acético o ácido nítrico e o ácido sulfúrico. Essa dissolução deve efetuar-se sob uma luz polarizada: quer uma réstia de luz solar, refletida num espelho, quer a luz da Lua. Sabe-se hoje que a luz polarizada vibra numa única direção, ao passo que a luz normal vibra em todas as direções em redor de um eixo.
Em seguida evapora o líquido e recalcina o sólido. Recomeça essa operação milhares de vezes, durante vários anos. Porquê? Ignoramo-lo. Talvez na expectativa do momento em que as melhores condições estejam reunidas: raios cósmicos, magnetismo terrestre, etc. Talvez a fim de obter uma "fadiga" da matéria em estruturas profundas que nós ainda ignoramos. O alquimista fala de paciência sagrada, de lenta condensação do espírito universal. Há certamente qualquer outra coisa atrás desta linguagem para-religiosa.
Esta forma de operar repetindo indefinidamente a mesma manipulação pode parecer demencial a um químico moderno. Ensinaram-lhe que há um único método experimental válido: o de Claude Bernard. É um método que age por meio de variações concomitantes. Repete-se milhares de vezes a mesma experiência, mas fazendo variar, um dos fatores de cada vez: proporções de um dos constituintes, temperatura, pressão, catalisador, etc. Anotam-se os resultados obtidos e deduzem-se algumas das leis que regem o fenômeno. É um método que deu as suas provas, mas não é o único. O alquimista repete a sua manipulação sem a menor alteração, até que qualquer coisa de extraordinário se produza. No fundo, acredita numa lei natural bastante comparável ao princípio de exclusão formulado pelo físico Pauli, amigo de Jung. Para Pauli, num dado sistema (o átomo e as suas moléculas), não podem existir duas partículas (elétrons, prótons, mésons) no mesmo estado. Tudo é único na natureza: "a vossa alma não tem outra semelhante..." É por isso que se passa bruscamente, sem intermediário, do hidrogênio ao hélio, do hélio ao lítio e assim indefinidamente, como o indica, para o físico nuclear, a Tabela Periódica dos Elementos. Quando se junta uma partícula a um sistema, essa partícula não pode tomar nenhum dos estados existentes no interior desse sistema. Toma um novo estado e a combinação com as partículas já existentes cria um sistema novo e único.
Para o alquimista, da mesma forma que não existem duas almas semelhantes, dois seres semelhantes, duas plantas semelhantes (Pauli diria: dois elétrons semelhantes), não há duas experiências semelhantes. Se se repetir milhares de vezes uma experiência, qualquer coisa de extraordinário acabará por se produzir. Não somos bastante competentes para lhe dar ou não razão. Contentamo-nos em observar que uma ciência moderna, a ciência dos raios cósmicos, adotou um método comparável ao do alquimista. Essa ciência estuda os fenômenos causados pelo aparecimento, num aparelho de detecção ou sobre uma chapa, de partículas com energia formidável, vindas de estrelas. Estes fenômenos não podem ser obtidos segundo a nossa vontade. É preciso esperar. Por vezes registra-se um fenômeno extraordinário. Foi assim que no Verão de 1957, no decorrer das investigações feitas nos Estados Unidos pelo professor Bruno Rossi, uma partícula animada de uma energia formidável, jamais registrada até ali, e vinda talvez de outra galáxia sem ser a nossa Via Láctea, impressionou 1500 calculadores ao mesmo tempo num raio de oito quilômetros quadrados, provocando, à sua passagem, um feixe enorme de destroços atômicos. Não é possível imaginar qualquer máquina capaz de produzir tal energia. Nenhum sábio tinha conhecimento de que jamais se tivesse produzido semelhante acontecimento e ignora-se se voltará a repetir-se. É também um acontecimento excepcional, de origem terrestre ou cósmica, e capaz de influenciar o seu crisol, que parece aguardar o nosso alquimista. Talvez ele pudesse abreviar a sua expectativa utilizando processos mais ativos do que o fogo, aquecendo por exemplo, o crisol num forno de indução pelo método de “levitação”(' Este método consiste em suspender a mistura a derreter no vácuo, fora de todo o contacto com uma superfície material, por meio de um campo magnético). Ou ainda juntando isótopos radioativos à sua mistura. Ele poderia então fazer e refazer a sua manipulação, não várias vezes por semana, mas milhares de vezes por segundo multiplicando desta forma as probabilidades de captar "o acontecimento" necessário ao bom êxito da experiência. Mas o alquimista atual, como o de ontem, trabalha em segredo, pobremente, e considera a expectativa uma virtude.
Prossigamos a nossa descrição: ao fim de vários anos de um trabalho sempre igual, de dia e de noite, o nosso alquimista acaba por deduzir que a primeira fase terminou. Junta então um oxidante à sua mistura: o nitrato de potássio, por exemplo. Há enxofre no crisol, proveniente da pirita, e carvão proveniente do ácido orgânico. Enxofre, carvão e nitrato: foi durante essa manipulação que os antigos alquimistas descobriram a pólvora.
Ele vai recomeçar a dissolver, depois a calcinar, sem descanso, durante meses e anos, na expectativa de um sinal. Sobre a natureza desse sinal, as obras alquímicas diferem, mas é talvez porque há vários fenômenos possíveis. Esse fenômeno produz-se no momento de uma dissolução.
Para certos alquimistas, trata-se da formação de cristais em forma de estrelas à superfície do banho. Para outros, uma camada de óxido surge à superfície desse banho, depois abre-se, deixando a descoberto o metal luminoso no qual parecem refletir-se, em imagem reduzida, ora a Via Láctea, ora as constelações. ( Funde-se então por meio de uma corrente de alta frequência. O semanário americano Life, em Janeiro de 1958, publicou lindíssimas fotografias de um forno deste gênero em ação. Jacques Bergier declara ter assistido a esse fenômeno).
Depois de receber este sinal, o alquimista retira a sua mistura do crisol e "deixa-a amadurecer", ao abrigo do ar e da umidade, até ao primeiro dia da próxima primavera. Quando retomar as operações, estas visarão aquilo a que se chama, nos velhos textos, "a preparação das trevas". Recentes investigações sobre a história da química demonstraram que o monge alemão Berthold Le Noir (Berthold Schwarz), a quem vulgarmente se atribui a invenção da pólvora no Ocidente, nunca existiu. É uma figura simbólica desta "preparação das trevas".
A mistura é colocada num recipiente transparente, em cristal de rocha, fechado de forma especial. Há poucas indicações a respeito dessa fechadura, chamada fechadura de Hermes, ou hermética. Dali em diante o trabalho consiste em aquecer o recipiente dosando, com uma infinita delicadeza, as temperaturas. No recipiente fechado, a mistura contém sempre enxofre, carvão e nitrato. Trata-se de elevar essa mistura a um certo grau de incandescência, evitando no entanto a explosão. São numerosos os casos de alquimistas gravemente queimados ou mortos. As explosões que se produzem são de particular violência e exalam temperaturas para as quais não estávamos logicamente preparados.
O fim em vista é a obtenção, no recipiente, de uma "essência", de um "fluido", a que os alquimistas por vezes chamam "a asa de corvo".
Sejamos mais claros. Esta operação não tem equivalente na física e química modernas. No entanto, não deixa de ter analogias. Quando se dissolve no gás amoníaco líquido um metal como o cobre, obtém-se uma coloração azul-escuro que passa ao negro nas grandes concentrações. Produz-se o mesmo fenômeno se se dissolver no gás amoníaco liquidificado hidrogênio sob pressão ou amidas orgânicas, de forma a obter o composto instável NH4, que tem todas as propriedades de um metal alcalino e que, por esse motivo, foi chamado "amônio". Há razões para crer que essa coloração azul-negro, que faz pensar na "asa de corvo" do fluido obtido pelos alquimistas, é justamente a cor do gás eletrônico. O que é o "gás eletrônico"? É para os sábios modernos, o conjunto de elétrons livres que constituem um metal e lhe asseguram as propriedades mecânicas, elétricas e térmicas. Ele corresponde, na terminologia atual, ao que o alquimista chama a alma ou ainda a essência dos metais. É essa alma ou essa "essência" que se liberta no recipiente hermeticamente fechado e pacientemente aquecido do alquimista.
Ele aquece, deixa arrefecer, aquece de novo, e isto durante meses ou anos, observando através do cristal de rocha a formação daquilo a que também se chama "o ovo alquímico": a mistura transformada em fluido azul-negro. Abre finalmente o seu recipiente na obscuridade, apenas sob a claridade dessa espécie de líquido fluorescente. Em contacto com o ar, esse líquido fluorescente solidifica-se e separa-se.
Obteria desta forma substâncias completamente novas, desconhecidas na natureza e com todas as propriedades dos elementos químicos puros, quer dizer, inseparáveis pelos processos da química.
Os alquimistas modernos pretendem ter obtido desta forma elementos químicos novos, e isto em quantidades consideráveis. Fulcanelli (considerado o último alquimista, e autor do livro O Mistério das Catedrais) teria extraído de um quilo de ferro vinte gramas de um corpo completamente novo, cujas propriedades químicas e físicas não correspondem a qualquer elemento químico conhecido. Seria aplicável a mesma operação a todos os elementos, cuja maior parte daria dois elementos novos por cada elemento tratado.
Tal afirmação é de molde a chocar o homem de laboratório. Atualmente, a teoria não permite prever outras separações além das seguintes:
 - A molécula de um elemento pode alcançar vários estados: Orto-hidrogênio e para-hidrogênio, por exemplo.
 - O núcleo de um elemento pode tomar um certo número de estados isotópicos (semelhantes) caracterizados por um número de neutrons diferentes. No lítio 6 o núcleo contém três neutrons e no lítio 7 contém quatro.
Os nossos técnicos, para separar os diversos estados alotrópicos da molécula e os diversos estados isotópicos do núcleo, exigem para isso um enorme material.
Os processos do alquimista são, em comparação, irrisórios, e ele alcançaria, não uma mudança de estado da matéria, mas a criação de uma matéria nova, ou pelo menos uma decomposição e recomposição diferente da matéria. Todo o nosso conhecimento do átomo e do núcleo se baseia no modelo saturniano de Nagasoka e Rutheford: o núcleo e o seu anel de eletrons. Não é impossível que, no futuro, outra teoria nos leve a realizar mudanças de estados e separações de elementos químicos por enquanto inconcebíveis.
Portanto, o nosso alquimista abriu o seu recipiente de cristal de rocha e obteve, por meio do arrefecimento do líquido fluorescente em contacto com o ar, um ou vários elementos novos. Restam as escórias. Essas escórias, vai ele lavá-las durante meses em água tri destilada. Depois manterá essa água ao abrigo da luz e das variações de temperatura.
Essa água teria propriedades químicas e medicinais extraordinárias. É o dissolvente universal e o elixir de longa vida tradicional, o elixir de Fausto (personagem de Goethe que vendeu a alma em troca da imortalidade).
Nota: O professor Ralph Milne Farley, senador dos Estados Unidos e professor de física moderna na Escola Militar de West Point, chamou a atenção para o fato de certos biologistas pensarem que o envelhecimento é devido à acumulação de água pesada no organismo. O elixir de longa vida dos alquimistas seria uma substância eliminando seletivamente a água pesada. Tais substâncias existem no vapor de água. Porque não existirão na água líquida tratada de certa maneira? Mas poderia uma descoberta desta natureza ser divulgada sem perigo? O professor Farley imagina uma sociedade secreta de imortais, ou quase-imortais, existindo desde há séculos e reproduzindo-se por cooptação. Uma sociedade destas, que não se meteria em política e não se imiscuiria de forma alguma nas questões dos homens, teria todas as probabilidades de passar despercebida. . .
Aqui, a tradição alquímica parece de acordo com a ciência de vanguarda. De fato, para a ciência ultramoderna, a água é uma mistura extremamente complexa e reagente. Os investigadores debruçados sobre a questão dos oligoelementos, especialmente o doutor Jacques Ménétrier, constataram que, praticamente, todos os metais eram solúveis na água em presença de certos catalisadores, como a glucose, e sob determinadas variações de temperatura. Além disso, a água formaria verdadeiros compostos químicos, hidratos, com gases inertes tais como o hélio e o argônio. Se se soubesse qual o constituinte da água responsável pela formação dos hidratos em contacto com um gás inerte, seria possível estimular o poder solvente da água e portanto obter um verdadeiro dissolvente universal. A revista russa Saber e Força, incontestavelmente séria escrevia no seu número 11, de 1957, que talvez um dia se obtivesse esse resultado bombardeando a água com radiações nucleares e que o dissolvente universal dos alquimistas seria uma realidade antes do final do século. E essa revista previa um certo número de aplicações, imaginava a abertura de túneis por meio de um jacto de água ativada.
O nosso alquimista, portanto, encontra-se agora de posse de um certo número de corpos simples desconhecidos na natureza e de alguns frascos de uma água alquímica susceptível de lhe prolongar consideravelmente a vida, através do rejuvenescimento dos tecidos.
Agora vai tentar combinar novamente os elementos simples que obteve. Mistura-os no seu almofariz e derrete-os a baixas temperaturas, na presença de catalisadores a respeito dos quais os textos são muito vagos. Quanto mais se avança no estudo das manipulações alquímicas, mais os textos são difíceis de compreender. Aquele trabalho irá ocupá-lo ainda durante alguns anos.
Afirmam que, desta forma, ele obteria substâncias absolutamente semelhantes aos metais conhecidos, e em especial aos metais bons condutores do calor e da eletricidade. Seriam estes o cobre alquímico, a prata alquímica, o ouro alquímico. Os testes clássicos e a espectroscopia não permitiriam verificar a novidade dessas substâncias, e no entanto elas possuiriam propriedades novas, diferentes das dos metais conhecidos, e muito surpreendentes.
Se as informações que temos são exatas, o cobre alquímico, aparentemente semelhante ao cobre conhecido e no entanto muito diferente, teria uma resistência elétrica infinitamente fraca, comparável à dos supercondutores que o físico obtém nas proximidades do zero absoluto. Este cobre, se pudesse ser utilizado, revolucionaria a eletroquímica.
Outras substâncias, resultantes da manipulação alquímica, seriam mais surpreendentes ainda. Uma delas seria solúvel no vidro, a baixa temperatura e antes do momento da fusão deste. Essa substância, ao tocar o vidro ligeiramente amolecido, dispersar-se-ia no interior, dando-lhe um colorido vermelho-rubi, com fluorescência lilás na escuridão. É ao pó obtido pela trituração desse vidro, modificado no almofariz de ágata, que os textos alquímicos chamam o pó de projeção ou pedra filosofal. "Com isso, escreve Bernard, conde da Marche Trévisane, no seu tratado filosófico, se termina a elaboração dessa Pedra superior a todas as pedras preciosas, a qual é um tesouro infinito à glória de Deus que vive e reina eternamente".
São conhecidas as maravilhosas lendas ligadas a essa pedra pó de projeção que seria susceptível de assegurar transmutações de metais em quantidades consideráveis. Transformaria, inclusivamente, certos metais vis em ouro, prata ou platina, mas tratar-se-ia então de um dos aspectos do seu poder. Seria uma espécie de reservatório de energia nuclear em suspensão, facilmente manejável.
Voltaremos em breve aos problemas que as manipulações do alquimista põem ao homem moderno esclarecido, mas detenhamo-nos exatamente onde se detêm os textos alquímicos. Eis a grande obra realizada. Produz-se no próprio alquimista uma transformação que esses textos evocam, mas que nós somos incapazes de descrever por não possuirmos a esse respeito mais do que umas poucas noções analógicas. Essa transformação seria como que a promessa, através de um ser privilegiado, daquilo que espera a humanidade inteira no termo do seu contacto inteligente com a Terra e os seus elementos: a sua fusão em Espírito, a sua concentração num ponto espiritual fixo e a sua união com outros centros de consciência através dos espaços cósmicos. Progressivamente, ou num súbito clarão, o alquimista, segundo a tradição, descobre o significado do seu longo trabalho. Os segredos da energia e da matéria lhe são desvendados, e ao mesmo tempo tornam-se visíveis as infinitas perspectivas da vida. Ele possui a chave da mecânica do Universo. Ele próprio estabelece novas relações entre o seu espírito, dali em diante animado, e o espírito universal em eterno progresso de concentração. Serão certas radiações do pó de projeção responsáveis por uma transmutação do ser físico?
A manipulação do fogo e de certas substâncias permite, portanto, não só transmutar os elementos, como ainda transformar o próprio investigador. Este, sob a influência das forças emitidas pelo crisol (quer dizer, das radiações emitidas por núcleos a sofrerem modificações de estrutura), entra noutro estado. Nele se operam mutações. A sua vida prolonga-se, a sua inteligência e as suas percepções atingem um nível superior. A existência de tais seres, biológica e psiquicamente novos, é um dos alicerces da tradição Rosa-Cruz. O alquimista passa a outro estado do ser. É elevado a outro grau da consciência. Tem a sensação de que só ele se encontra desperto e que todos os outros homens ainda dormem. Escapa ao vulgar humano e desaparece, como Mallory sobre o Everest, depois de ter tido o seu minuto de verdade.”
A Pedra filosofal representa desta forma o primeiro degrau susceptível de auxiliar o homem a elevar-se em direção ao Absoluto. Para além começa o mistério. Aquém não há mistério, nem esoterismo, nem outras sombras exceto as que projetam os nossos desejos e sobretudo o nosso orgulho. Mas, como é mais fácil satisfazermo-nos de idéias e de palavras do que fazer qualquer coisa com as próprias mãos, com a nossa dor e a nossa fadiga, no silêncio e na solidão, é mais cômodo procurar um refúgio no pensamento chamado "puro", do que batermo-nos corpo a corpo contra o peso e as trevas da matéria. A alquimia proíbe qualquer evasão deste gênero aos seus discípulos. Deixa-os frente a frente com o grande enigma. . . Apenas nos assegura que “se lutarmos até ao fim para nos libertarmos da ignorância, a própria verdade lutará por nós e vencerá finalmente todas as coisas. 
Talvez comece então a VERDADEIRA METAFÍSICA."

3 comentários:

  1. "O texto abaixo foi escrito há mais de 40 anos em um livro que foi pouco lido se considerarmos a sua vocação de abrir as mentes racionais para os segredos fascinantes do Invisível." Você não conta o nome do livro, conta vai ....!!!!
    parabéns pelos textos,,abraço, Flora

    ResponderExcluir
    Respostas
    1. Oi Flora, vai ter nome bonito lá em sorocaba, sô...
      Desculpe o atraso. O livro é o Despertar dos Mágicos do Jacques Bergier e Louis Pauwels. Um livro que ajudou a me formar na visão do mundo, conforme eu disse nas postagens iniciais "Acreditar no Invisível" e
      "Quem escreve? Por que?"
      Abraço

      Excluir
  2. Seu texto serve de condutor para abrir o conhecimento. ... gostei... e compartilho.
    Parabéns.

    ResponderExcluir