domingo, 19 de junho de 2011

O Raio de Criação

Você conhece um brinquedo da antiga tradição esotérica russa chamado “matryoshka” ou “babushka”? Ele é formado de uma bonequinha que fica dentro de outra, dentro de outra... até formar 7 bonecas. Não conhece? Que pena. Então você não vai compreender o Raio de Criação... (rsrs)
Na publicação anterior,  A Lei de Três, dissemos que O Absoluto, composto de 3 forças unidas, cria um “mundo de segunda ordem” onde as três forças já divididas, ao se encontrarem criam novos “mundos de terceira ordem”. Nesses mundos, além das 3 primeiras forças do mundo  anterior, há mais 3 desse próprio mundo. E vai assim até formar  7 níveis de mundos, um dentro do outro, cada um com 3 forças  a mais que o anterior. Alguma semelhança com a babushka?
Você vê? O brinquedinho inocente é uma forma de perpetuar uma tradição de conhecimento interior, como é também o Tarot e demais baralhos, o jogo de amarelinha, as danças e músicas sagradas, as lendas, o ritual do chá, o tiro de arco... É o tradicional uso de qualquer arte, jogo, brinquedo, dansa, ou coisa corriqueira da vida como apoio do buscador para a busca interior. Quer coisa mais simples que fazer um chá? Pois foi transformada em um apoio e uma arte na busca de Si Mesmo, da evolução. Coisa de gente séria...A vida não é considerada pelos orientais como um fim em si, mas apenas um meio, um palco de ação. O fim é a evolução. Esse conceito é muito difícil para nós ocidentais educados para o sucesso material, o ter em lugar do ser, a forma em vez da essência.
Vamos então simplificar essa coisa de 7 níveis de mundos com um quadro:
“Mundos”
Nível
Leis atuando
Cosmos
Plano
Analogia
Absoluto
1
1
Protocosmos
Atmico
?
Todos os mundos
2
3
Ayocosmos
Budhico
Todas as Galáxias
Todos os sóis
3
6
Macrocosmos
Causal
Via láctea
Sol
4
12
Deuterocosmos
Mental
Cada sol
Todos os planetas
5
24
Mesocosmos
Astral
Cada planeta
Terra
6
48
Microcosmos
Físico
A terra
Lua
7
96
Tritocosmos
?
A lua

Observem que no nosso “mundo”, a Terra, há 48 leis atuando sobre nós, no nível em que estamos da Criação.
Esse é o tal “Raio de Criação”, composto de 7 degraus, do qual você está no sexto, longe do Absoluto, bem em baixo (rsrs). Cada raio individual da Criação sai do Absoluto, (mundo de nível 1), não imaginável pelos nossos parâmetros habituais, e termina num satélite de um planeta (nível 7), extremamente denso em termos de energia, de materialidade. É como se a Criação fosse uma grande esfera composta de raios que saem do centro para a superfície exterior mais densa em termos de energia, ou materialidade. Um desses raios termina na nossa Lua. É o nosso.
Nessa esfera, em cada nível, as infindáveis trindades criadas dentro dele, criam outras infindáveis trindades indefinidamente. O raio que chegou até a Terra e Lua é só um único deles, dentro da esfera multidimensional que é o Absoluto.
Você vai dizer: “Muito bem, e o que significa para mim isso de 48 leis?”
Bem, significa, segundo o que dissemos  em O Ser e o Caminho de Volta, que você é um viajante, um Ser que está muito longe de casa, num país que tem lei que não acaba mais. Aliás até já esqueceu de onde veio e para onde deveria ir. Uma tristeza... Mas não desanime não, viajante (rsrs). Apesar de tudo a viagem é interessante. Aliás, muito aqui entre nós, nem dá para desistir dela. Alguns até tentam...
O problema é que para voltar dessa viagem de ida, tem muito chão para percorrer. Você vive atualmente  em um mundo sujeito a 48 ordens de leis, ou seja, longe da vontade do Absoluto, num canto muito remoto do universo e muito triste. Você está longe do centro de decisões, da Luz, na beiradinha de uma galáxia, quase caindo (rsrs), perto de um sol pequeno, num planetinha de... de nada, maltratado por você e seus semelhantes.
Quanto mais longe do Absoluto, o aumento do número de leis torna tudo mais difícil, porque tudo é mais denso. E a sua missão é tomar a matéria densa desse escafandro onde você escolheu se meter, e tentar refiná-la, torná-la mais sutil para acessar mundos de qualidade também mais sutis. Não é o nosso espírito que tem que retornar, mas a matéria densa do nosso Ser, inclusive do nosso corpo, que deve ser refinada por nós como se fôssemos uma usina de purificação, e levada de volta ao Absoluto. Esse é o caminho de evolução dos Universos e de nós mesmos. As tradições  simbólicas falam dessa descida e subida como foi citado em O Ser e o Caminho de Volta: o Cristianismo Esotérico fala isso na forma de símbolos quando trata da Encarnação do Verbo na Virgem Maria sob a forma do Filho (a descida do Espírito no Raio de Criação) e depois a Ascenção do Filho (a subida por sua própria vontade e esforço). Da mesma forma a Alquimia fala simbolicamente em transmutar metais densos em ouro. É a mesma coisa.
Na volta tudo parece difícil, e você não tem uma mão nesse jogo. Vai dar muito trabalho voltar para poder  “sentar à direita do Pai” segundo diz também metaforicamente a tradição cristã.
Aliás, aqui entre nós,  a Terra, como Ser, é que é regida por 48 leis. Nós humanos estamos entre 48 e 96 leis. Só entrando em harmonia com ela temos a possibilidade de estar sob 48 leis. Quando estamos mergulhados na escuridão da ira, inveja, e demais "pecados capitais", estamos no 96. No mundo da Lua.
Mas nós pelo menos temos uma escolha: podemos começar agora a tentativa de subir para 48 ou níveis mais finos, ou deixar para depois, correndo o risco de descermos para 96. (rsrs... ou... sniff, não sei bem qual...). Há um ditado nas tradições que afirma : “Quem não evolui, regride”.
Agora fica claro para os seguidores do caminho tolteca quando Don Juan responde para Castaneda
“- Quarenta e oito é o nosso número - disse ele. - É isso que nos torna homens. Não sei por quê. Não desperdice seu poder fazendo perguntas tolas.” ( A Porta para o Infinito, pág. 38)
Ou então:
“- Para os videntes, significa que há 48 tipos de organizações (leis) na terra, 48 tipos de feixes ou estruturas. A vida orgânica é um deles.” (O Fogo Interior, pág. 54)
Os toltecas sabiam das coisas...
Resumindo: para a gente entender o fenômeno da criação, qualquer que seja o produto dela, primeiro devemos nos aprofundar no conhecimento da Lei de Três. Quem quiser se aprofundar pode ler o livro "Fragmentos de um Ensinamento Desconhecido" sobre o Quarto caminho, de P. D. Ouspensky. Depois de entender com a cabeça, compreender o funcionamento dela dentro de nós.
Após a Lei de Três que rege a Criação e forma o Raio de Criação, para entender a evolução posterior de qualquer coisa ou fenômeno após ter sido criado, devemos conhecer uma outra lei fundamental, a Lei de Sete ou Lei da Oitava.  É fascinante.
Quem for muito corajoso mesmo, vai então tentar combinar a Lei de Três com a Lei de Sete e descobrir o Eneagrama, esse símbolo de difícil compreensão, cujos fragmentos praticamente se perderam na história das tradições, e foram transformados por dois sul-americanos no século passado em uma caricatura bem enfeitada, sedutora e falseada, do conhecimento original. Logo mais devemos falar disso. Aguardem.
NR – A teoria dessas leis (a autêntica) é misteriosa e atraente, mas nada vale se não a praticarmos e a descobrirmos em nós mesmos.

Um comentário:

  1. LUARA DISSE:
    Uaaauu, que viagem nesses vídeos do livro tibetano dos mortos. Eu e meu companheiro fazíamos meditações tibetanas, e conhecemos bem esse livro. Líamos o Bardo para os amigos que morriam, mas depois paramos, guardamos e esquecemos para seguir outras linhas. Agora quando ele faleceu, eu tentei ler o Bardo para ele mas não consegui, pois não estava mais familiarizada com os termos e as crenças. Foi meio frustrante, pois eu queria ter conseguido fazê-lo como quando nós fazíamos para nossos amigos, queria ter feito isso para meu querido, para ajudá-lo. Bom, outros guias o devem ter ajudado.
    Obrigada por esse vídeo, Arnaldo, foi tão bom relembrar e conhecer melhor agora a historia.
    Luara

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